Modern Warfare 2 foi um dos jogos mais esperados do ano e é um inegável sucesso de vendas. Mesmo tendo sido taxado para o público adulto ele é jogado pelos adolescentes. Se o original era uma das mais realistas representações de um campo de batalha moderno, ninguém esperava menos do novo.
O problema é que aparentemente a Infinity Ward (desenvolvedora do game) resolveu dar uma de Rockstar, responsável pela série GTA. Logo em seu início MW2 apresenta uma tela dizendo que o conteúdo a ser apresentado pode ser considerado “pesado” para algumas pessoas e que aquele pedaço do jogo pode ser suprimido. Logicamente o aviso serve como psicologia reversa e o jogador pensa que “a parte boa está ali”. A maior parte das pessoas irá jogar a missão por não querer perder a experiência completa do game, afinal ele se desenvolve como um filme e isso seria como perder uma parte dele.
O que se apresenta a seguir é uma missão onde o jogador é um agente da CIA que está a paisana como terrorista russo e o grupo que está sendo investigado vai realizar um atentado em um aeroporto de Moscou. Eles (e o seu personagem) abrem fogo contra uma multidão de civis e a cena é muito realista com pessoas gritando, correndo e agonizando. Você, como oficial a paisana, precisa manter o disfarce e entra na matança contra centenas de inocentes. Confira abaixo o trecho em questão.
A cena causou muito desconforto até mesmo entre os que apóiam os games violentos. Diferente da violência vista em GTA, que é até certo ponto cartunesca, aqui tudo é muito real, das armas à reação das vítimas. Isso levantou novamente a discussão de se os games violentos criam pequenos psicopatas.
Este pedaço específico do jogo não está presente nas versões de Modern Warfare 2 vendidas na Austrália e Alemanha, onde o jogo é ainda mais diferente. Nesta versão, sua missão é dada como encerrada se você mata um inocente, mesmo sem querer. A missão no aeroporto russo chegou a causar um boato (já desmentido) de que o game havia sido banido na Rússia, mas a Actvision (distribuidora do jogo) modificou as versões vendidas naquele país. Nos EUA a pessoa pode optar por comprá-lo sem esta missão ou baixar um patch impedindo sua exibição. Definitivamente é o game mais polêmico do ano.
Sou das pessoas que não acreditam no argumento de que jogos violentos podem ser responsáveis por gerar indivíduos violentos no mundo real. Jogos eletrônicos fazem parte da minha vida desde a infância (ainda nos anos 80) e não é por isso que tenho problemas emocionais. Por outro lado não posso dizer que os games violentos não tiram das pessoas a sensibilidade para coisas como a morte ou o assassinato, mas o mesmo argumento serve para filmes violentos. Produções como Jogos Mortais e O Albergue também tiram a sensibilidade para a tortura e não existe um movimento tão grande contra eles quanto contra os games.
Me pergunto se desta vez, unindo ultra realismo a violência contra inocentes, os games não foram longe demais, perdendo até mesmo alguns de seus defensores. Antes de atacar ou defender MW2 eu preciso jogar sua campanha completa, mas desde já podemos levantar a questão de se os fins justificam os meios e se isso não influenciaria os jogadores a acharem que as vidas de algumas centenas realmente valem menos do que o objetivo de uma missão.
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