Lembra da piada de cúmulos? Eu lembro de algumas. Tipo:
Qual o cúmulo do egoísmo? Não vou contar.
Qual o cúmulo da sorte? Ser atropelado por uma ambulância.
Qual o cúmulo da burrice? Abrir o lápis para ver se sai letrinhas.
Qual o cúmulo do regime? Tomar caldo de cana com adoçante.
Qual o cúmulo da paciência? Contar degraus de escada rolantes.
Eram péssimas, como você deve ter percebido. Só foram superadas na década passada pelas adaptáveis piadas de pontinho. Mas essas eu me recuso de relembrar.
Citei as conhecidas anedotas por que tem tudo a ver com o fato que presenciei hoje a tarde. No trânsito. Sim, no local mais adequado para o homem se transformar num ser irracional e travar históricos e homéricos duelos de xingamentos.
Dica: melhor xingamento de trânsito de todos os tempos direcionado a mulheres: Gorda. Não existe mulher que não fique embasbacada com um belo e sonoro Gorda. Para traumatizar, repita com um bônus: Gorda Burra. Grandes chances de ela nunca mais encostar num volante.
Pois bem, é no trânsito onde a impaciência chega ao seu cúmulo. A cena presenciada pelo blogueiro traduz tudo que de mais estúpido a pessoa alcança quando não pode fazer absolutamente nada.
Tudo aconteceu no semáforo. Ao meu lado, quando eu ainda parava o carro, estaciona o carro um senhor aparentemente normal. Cabelos grisalhos, camisa social, vidros do carro aberto. Ele brecou há poucos centímetros da faixa já olhando fixamente para o sinaleiro. Naquele momento, quando para o motorista só resta aguardar, o cidadão iniciou um enorme ritual de ofensas, gritos e buzinas direcionado ao sinal fechado.
O visual era inacreditável. O cara mostrava o dedo, a palma da mão, o relógio e gritava, entre palavrões, que estava atrasado e aquele era o sinal mais lento que ele já tinha visto na vida. Todos em volta, entre motoristas e pedestres, ficaram atônitos com a atitude do impaciente motorista.
Mas o melhor foi o sinal vermelho. Ele ignorou o motorista com enorme elegância. Blasé. Ficou imóvel. Depois, numa conversa informal, admitiu que demorou mais um pouquinho para dar o lugar ao verde.
E eu comecei a respeitá-los mais depois dessa tarde incomum – como todas as outras - em Cuiabá.
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